MPT e MTPS promovem audiência sobre CIPA com sindicatos de Bento Gonçalves
Voltada à construção civil e mobiliário, audiência faz parte de projeto do MPT de combate a acidentes de trabalho no setor
O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Caxias do Sul realizou, na tarde de sexta-feira (6/11) audiência pública do projeto da construção civil, em parceria com o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). O evento aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG), que organizou a audiência com o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis). A audiência, voltada a empregados e empregadores do setor, contou com a exposição de case de boas práticas executadas em empresa de mobiliário da região, além da exposição dos órgãos parceiros e diálogo com o público.
A mesa de abertura contou foi composta pelo presidente do Sitracom BG, Itagiba Soares Lopes, pelo presidente do Sindmóveis, Henrique Tecchio, e pelo vice-presidente de Finanças da Associação das Empresas de Construção Civil (Ascon Vinhedos), Andrey Arcari.
“A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é o termômetro da empresa e o retrato da vontade da empresa de fazer as coisas”, assinalou o procurador Ricardo Garcia, que coordena o projeto do MPT de Caxias do Sul. “Se ela funciona, já sabemos que no mínimo há uma gestão de risco comprometida. Existe possibilidade maior e condições maiores para conversar com o empresário e resolver problemas. Se a CIPA não funciona, então não há nada para funcionar, nem o trabalhador tem incentivo para se comprometer com a prevenção de acidentes. Além disso, a CIPA é um prenúncio da empresa, se ela vai crescer, prosperar ou se vai morrer. Não existe empresa que sobreviva com perdas da sua capacidade de produzir”.
Já o auditor-fiscal do Trabalho Vanius Cortes destaca o baixíssimo número de empresas que contam com CIPA. De 400 empresas investigadas em Caxias do Sul pelo MTPS, 9 cumpriram o requisito. Investigação similar será realizada em Bento Gonçalves e região em 2016 pelo Ministério. “Acidente de trabalho não é fatalidade. A política de segurança do trabalho começa com a CIPA, que é um órgão de segurança do trabalho junto com o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt), com quem trabalha em conjunto. Apesar de a legislação ser antiga, há poucas CIPAS funcionando. Acabou-se criando na consciência coletiva generalizada que a CIPA é inútil”, afirmou.
Exemplo de sucesso
O gestor de engenharia João Paulo Rossatto, da Todeschhini, sediada em Bento Gonçalves, falou do papel da CIPA na organização das empresas, abordando o envolvimento da diretoria, mudança de postura e metodologia de trabalho, entre outros. A implantação da CIPA na Todeschini envolveu uma mudança de pensamento, que partiu da diretoria, redefinindo o papel da CIPA para uma comissão presente, percebida por todos e participativa nas atividades da empresa.
“Entendemos que todas as frentes devem trabalhar juntas”, explica ele. “Tanto eleitos como suplentes participam das reuniões quinzenais e da gestão da CIPA. A fábrica foi dividida em 10 áreas, distribuídas aos membros da CIPA, sendo apresentados a cada trabalhador do setor em que atua”. Todos os dias, há duas auditorias, guiadas por checklist de atuação, com cruzamento de membros da CIPA, para evitar vícios de observação. 242 ações de melhorias variadas foram criadas no ano de 2015, até 5/11.
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Também participaram da audiência pública o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), representado por César Modena, e o Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho do Estado (Sindtest-RS), representado por seu presidente, Nilson Airton Laucksen.
Fotos: Giovani Nunes (assessoria de Comunicação/ Sitracom)
Texto: Luis Nakajo (analista de Comunicação) enviado especial
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